sexta-feira, 23 de março de 2012

Série profissões: é investir ou investir em meio ambiente

JC e-mail 4461, de 22 de Março de 2012.



Cresce a demanda por profissionais especializados em gestão ambiental. Há cursos até com lista de espera.

Foi-se o tempo em que falar de sustentabilidade era apenas um modismo. Hoje, é uma questão de sobrevivência. Desperdício, dizem os especialistas, é lucro jogado fora. É preciso otimizar o consumo e a utilização de recursos naturais. E numa época em que danos ambientais podem trazer prejuízos significativos à imagem das empresas, cresce a demanda por profissionais especializados em gestão ambiental, afirma Adriana Ornellas, coordenadora do MBA em "Meio ambiente e desenvolvimento sustentável" da Gama Filho (www.ugf.br).

"Empresas que não se comprometem com sustentabilidade têm vida curta. Seriam necessários pelo menos cinco planetas Terra para fornecer os recursos necessários à manutenção do consumo que se tem hoje no Primeiro Mundo. E faltam profissionais realmente qualificados para atuar em nichos como energias limpas, mercado de carbono e biocombustíveis, entre outros", declarou.

Hoje, diz Haroldo Mattos de Lemos, coordenador dos cursos de pós-graduação em "Gestão ambiental" da Escola Politécnica da UFRJ (www.poli.ufrj.br), discute-se sustentabilidade sob pena de se ter no futuro uma qualidade de vida pior do que a atual. O curso da universidade - lançado em 1991 em parceria com o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Instituto Brasil Pnuma) - foi um dos pioneiros no estado do Rio de Janeiro. No momento, já são abertas duas turmas a cada ano. Uma delas foi criada especialmente para atender alunos que chegam de outras cidades e até mesmo de outros estados. E, ainda assim, há lista de espera.

"Isso demonstra que há uma demanda crescente. Já existe projeto no Congresso que prevê a regulamentação da profissão de gestor ambiental. Recebemos de recém-formados a profissionais com 20 anos de experiência. São pessoas de diferentes formações que buscam especialização na área", diz Lemos, que já presidiu a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema).

A coordenadora do MBA "Gestão ambiental e sustentabilidade" da FGV (www.fgv.br/mba-rio), Susana Feichas destaca que as empresas passaram três grandes momentos voltados à questão ambiental. O primeiro, diz, foi a Reunião de Estocolmo, a primeira grande conferência das nações sobre o tema, realizada em 1972. Na época, o controle da poluição do ar estava no o centro dos debates.

"Com a repercussão do encontro e a pressão dos ambientalistas, o mundo empresarial se mobilizou para se adequar às leis que surgiram. O empresário passou a perceber que podia lucrar investindo em meio ambiente. O terceiro movimento tem foco nas responsabilidades social e corporativa. As grandes empresas são protagonistas da sustentabilidade, e isso gera um efeito dominó", diz Susana, que já vislumbra o quarto movimento. "A busca por bens de consumo mais duráveis".

Embora a questão ambiental já faça parte do cotidiano das empresas, ainda há um longo caminho a percorrer, diz Karina Mantovani, coordenadora nacional da Área de Gestão da Estácio (www.estacio.br). "Falta muito para chegarmos ao desenvolvimento de países como Alemanha e Japão que, por suas características, tiveram que gerenciar os negócios de maneira mais sustentável. Mas as empresas nacionais já despertaram para o tema, e a busca por pessoal qualificado está em ascensão. Mês passado, lançamos um MBA de biodiversidade e sustentabilidade, e a procura é grande", declarou.

Para o coordenador do curso de ciências biológicas da Unisuam (www.unisuam.edu.br), Antonio Carlos Palermo Chaves a maior parte dos profissionais especializados em meio ambiente ainda não está preparada para lidar com a complexa teia formada pela questão da sustentabilidade. A universidade, que oferece o MBA "Meio ambiente e desenvolvimento sustentável", formou sua primeira turma em 2011. "Trabalhar com sustentabilidade requer, antes de tudo, saber trabalhar com interatividade. Algumas áreas têm saído na frente e estão em alta como as de reciclagem e de reaproveitamento de materiais".

Hoje, cerca de 10% dos estagiários da BP Energy do Brasil são alunos de engenharia ambiental que atuam em planejamento ambiental, controle de poluição, educação ambiental e licenciamento. E a empresa pretende abrir, em breve, vagas para já graduados. "A consciência ambiental e as leis de proteção ao meio ambiente estão se tornando mais rígidas, de modo que precisamos de profissionais capacitados para garantir o cumprimento da legislação e de nossos padrões de segurança", diz Lisa Ali, vice-presidente de RH da empresa.
(O Globo)

Alexandre R. de Oliveira
Professor Adjunto I
Tutor PET - Conexões de Saberes - Penedo
Laboratório de Crustáceos Decápodes - LACRUDE
Campus Arapiraca/Unidade de Ensino Penedo - UFAL
Avenida Beira Rio s/n - Centro Histórico
Penedo - AL - Brasil

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